O giz da educação vol.11 nº. 1 (2022)
ISSN 2764-0477 DOI: 10.6084/m9.figshare.
A Estéphany com PH e Y é mesmo uma chata. Já chega na escola perguntando se alguém fez os exercícios propostos para o dever de casa. E o pior é que ela copia e consegue arrancar os maiores elogios da equipe de professores.
O Mardem, um colega que se senta na carteira ao lado dela, vendo a minha indignação, disse:
- Léo, a Estéphany tem muitos problemas em casa.
- E eu com isso! Respondi fulo da vida.
- É verdade. Retrucou a Janice, outra colega de classe. A mãe dela sofre de pressão alta e ainda por cima bebe muita cachaça. Dizem que o pai, também alcóolatra, vive caído pelas ruas. No mesmo barraco moram a Estéphany, os cinco irmãos, a mãe e a avó. É a Dona Nena, a vó dela quem sustenta a casa.
- E daí? Você sabe se eu tenho problemas em casa? Ninguém me pergunta se meus pais têm trabalho, vivem felizes... engraçado, não é? E você? Está tudo às mil maravilhas na sua casa?
Um silêncio se fez. E eu continuei...
- Se a escola sabe de tudo isso, porque não tenta ajudá-la de alguma forma? E depois vem a diretora explicar o que venha a ser empatia...
A cartinha do Léo, um aluno do 6º ano, exemplifica bem a dificuldade de se compreender e aplicar a empatia no dia a dia. Imagina você explicar o tema para essa turminha ávida por conhecimento, mas sem paciência prá muita expicação, então?!!!
Patiluc
“Esta é uma obra de ficção. O uso de metáforas foi a maneira encontrada para contar as vivências da autora, ao longo dos seus mais de 25 anos na área da educação. Atualmente, ela atua como Empreendedora Cultural e mantém a crença de que educação também é sinônimo de cultura.”