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Curtinhas vol.19 nº.1 (2023)
ISSN 2764-0280

Wonhé, a guerreira que tinha vergonha de cantar

 

Idiane Crudzá (indígena da etnia Kariri-Xocó)


Revisão: Renata Sieiro Fernandes

 

Wonhé é uma guerreira que ama a tradição de seu povo e gosta muito de cantar, mas passou muito tempo em silêncio, parou de cantar após ouvir alguns comentários que diziam que ela não tinha uma boa voz.


Por um bom tempo ela participava das rodas de Toré, onde ela dançava, fumava, fazia artesanato, trabalhava com benzimento, só não cantava. Certo dia, Wonhé foi convidada a divulgar a cultura do seu povo fora da aldeia e chegando lá tinha várias indígenas de outros povos e todas elas cantavam menos a pequena Wonhé.


Até que chegou um homem branco e perguntou:

- E essa guerreira? Não canta? Eu nunca vi um indígena não cantar!


Ouvindo isso a guerreira se encheu de coragem e começou a cantar:


“O Cocá é minha casa,
o pawy é meu coração,
a maracá é um instrumento que o pajé fez pela união.


Ô lê wahá
Ô lê lerá
Ô lê lê
Ô lê lará’.


Ao terminar o canto todos e todas ficaram admirados com a suave voz da guerreira e a parabenizaram. Wonhé ficou muito feliz por as pessoas terem gostado tanto e desse dia em diante ela nunca mais parou de cantar. As pessoas começaram a chamá-la de Wonhé, a menina da voz suave!


E ela chegou à conclusão que não deve deixar de fazer o que gosta em razão da falta da sensibilidade de algumas pessoas.

Neste momento, ela percebe que não eram todas as pessoas que não gostavam da sua voz e, assim, ela seguiu o seu caminho cantando e encantando todos e todas a sua volta e sempre pedia para as pessoas não desistirem de si mesmas, dizia que por melhor que alguém seja nunca se irá agradar a todos. Então, ela criou a seguinte frase: “vamos ser como o Sol, que mesmo incomodando algumas pessoas ele é sempre quente; ele tem a convicção que se esfriar de vez vai prejudicar muita gente, porque não vive sem o seu calor”.